Pesquise no Blog!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Risco iminente: A porosidade dos controles e fronteiras da América Latina


Eminentemente preditiva por natureza, na atividade de inteligência é imprescindível analisar riscos com fito a mitigar ameaças. Desconheço quem diga o contrário.

 Tríplice fronteira: tem gente que acha que o Brasil só tem uma...

Análise de riscos constitui uma importante ferramenta para a mitigação de ameaças e obviamente não é uma ciência exata em nenhuma esfera de atividade do ser humano. Riscos, ainda que minimizados pelos múltiplos fatores incidentes em sua análise ponderada, não devem ser ignorados pelos decisores. 

Mormente por questões culturais, não há uma cultura difundida de contigência e mitigação de ameaças baseadas em metodologias de análise de risco no Brasil, embora haja um incremento nos últimos anos nas ciências relacionadas a administração para a adoção de tais boas práticas. Pois bem. Se na iniciativa privada, marcada pelo dinamismo da sobrevivência mercadológica ainda não temos uma cultura de análise e mitigação de riscos estabelecida em sólidos alicerces, quiçá na burocrática (viés pejorativo) e por vezes esquizofrênica Administração Pública...

Eis o ataque assertivo ao ponto crítico: há um risco iminente, óbvio e diário em nosso subcontinente, que não se limita as questões que asseveramos em recente postagem sobre o "governo de conto de fadas" que vivenciamos - trata-se da porosidade dos controles e fronteiras da América Latina, agravada pela parca/inexistente atuação conjunta dos potenciais controles de segurança e inteligência entre as nações.

Os princípios que fundamentam a presente análise estão postos diante dos olhos de todos. As questões geográficas e biológicas não demandam sequer explicação, basta a mera lembrança: há fronteiras extensas e despovoadas, em biomas com condições severas (selvas tropicais, desertos de altitude, planícies alagadas, pampas patagônicos...). Questões políticas entre as nações sulamericanas não contribuem sobremaneira: multiplicam-se conflitos ideológicos, e há ainda episódios de conflitos territoriais (v.g.: Essequibo), além da incompetência, corrupção e complacência amplamente disseminadas em estruturas institucionais (quando existem).

Diante de tais premissas ao argumento central, resta patente que não se trata de casuísmo - mas é ainda necessário descer a concretude de alguns casos recentes. Brevíssimo emprego de fontes abertas demonstrará o plano geral a pertinência da análise ora conduzida, em sucinta lista:
  1. A Reuters destaca o tráfico de seres humanos (no caso concreto, Sírios em busca de refúgio) em uma rota que perpassa praticamente  toda a América Latina e o Caribe (Brasil inclusive!). Aparentemente, foram detidos por acaso: faltou um registro de vacina de febre amarela.
  2. O portal Terra informa que uma das suspeitas de perpetrar atentados na França passeou recentemente pelas terras sulamericanas, inclusive causando problemas. Sim, passou impune e livremente pelo paraíso tupiniquim.
  3. O El Deber boliviano e o G1 afirmam que três australianos tentaram ingressar em voo da Gol Linhas Aéreas com explosivos em sua bagagem de mão. A origem do voo era Santa Cruz de la Sierra, enquanto o destino era o aeroporto de Guarulhos/SP. O controle que detectou o fato ocorreu no aeroporto de Viru-Viru. Fosse despachada a bagagem, o que presume-se ter ocorrido no atentado contra o avião russo na península do Sinai, restaria improvável sua detecção.

Não defendo sobremaneira que se cerrem as fronteiras transnacionais como alguns ousam propalar em seus fundamentalismos. Vozes nesse sentido exsurgiram na Comunidade Européia chocada com os atentados recentes que se perpetuam. Proibir é diferente de controlar. É imprescindível controlar adequadamente, com interações efetivas de segurança e inteligência, os fluxos fronteiriços.

Enquanto o mundo reconhece essa necessidade e os riscos, bem pautados pela matéria do The Japan Times em nosso caso particular, o governo brasileiro sanciona lei para dispensar controles prévios constituídos historicamente que, decerto, poderiam auxiliar a execução de políticas de segurança e inteligência. Ressalte-se que não foram ainda devidamente especificadas as nações privilegiadas pela benesse. Em nossa "exótica" política externa, presumo que não serão sequer nações que dispensam tratamento recíproco aos brasileiros.

Situações especiais exigem medidas especiais. E potencialmente, as análises de risco devem ser submetidas a uma revisão extraordinária em tais circunstâncias.

Fontes:

http://soldadodosilencio.blogspot.com/2015/11/brasil-governo-do-conto-de-fadas-versus.html

http://www.reuters.com/article/2015/11/20/us-france-shooting-usa-idUSKCN0T820420151120

http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/suspeita-de-participar-de-atentados-em-paris-esteve-no-brasil-diz-equador,4235d36db2352ef2c22fdf7bf5b2fdfa9s5frw2d.html

http://www.eldeber.com.bo/santacruz/detienen-australianos-dinamita-viru-viru.html


http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/11/australianos-sao-impedidos-na-bolivia-de-viajar-com-dinamite-para-o-brasil.html

http://www.japantimes.co.jp/news/2015/11/20/world/paris-attacks-heighten-security-fears-2016-rio-olympics/#.VlIA024vnMx 

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/olimpiadas/rio2016/noticia/2015/11/dilma-sanciona-lei-que-permite-isentar-visto-de-estrangeiros-nas-olimpiadas.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário