A análise pós-ação é primordial ao aprimoramento de sistemas de inteligência. São objetos de estudo as ações próprias e adversas, os sucessos e os fracassos. Extrapolando o conceito, analisar as omissões posteriormente detectadas é crucial.
Ao submeter fatos consumados a análise concebe-se que o julgamento qualitativo da cadeia de eventos que o precederam é distorcido. Entretanto, padrões só existem em função de sua repetição – a questão é como refinar a percepção do analista, ou como integrar os conhecimentos para aperfeiçoar a inteligência em viés preditivo.
Resolvi realizar uma análise en passant de uma publicação que li no website da NBC 2, que replicava a matéria da CNN de 2013 (http://edition.cnn.com/2013/07/27/us/september-11th-warning-signs-fast-facts/), sob o título de September 11th Warning Signs Fast Facts.
A proposta é uma brevíssima reorganização das informações considerada em sua origem institucional e quantitativa dos inputs de inteligência relacionados na lista cronológica acima referenciada. Quando não foi possível especificar a origem institucional do informe na lista por carência do dado, a técnica fundamental para sua apuração como conhecimento de inteligência restou caracterizada como critério distintivo, e o input não foi considerado ao ranking.
Impossível transcorrer sobre a assertividade dos informes apresentados, tanto em virtude da edição jornalística realizada, quanto em função da incomunicabilidade/originalidade das fontes da matéria. Decerto haviam tantos alertas genéricos quanto específicos.
Presumo que a CNN tenha utilizado o relatório da comissão oficial que estudou o abominável evento, mas é uma mera especulação. Ademais, é impossível afirmar que tal lista seja exaustiva - eu apostaria que definitivamente não é.
Eis o ranking que expressa o resultado da análise:
1) Federal Aviation Administration (FAA) - 9 alertas - desde Outubro/1998 até Agosto/2001;
2) Central Intelligence Agency (CIA) - 7 alertas - desde Dezembro/1999 até Agosto/2001;
3) Federal Bureau of Investigation (FBI) - 6 alertas - desde Maio/1998 até Agosto/2001;
4) National Security Advisers to President George W. Bush - 2 alertas - desde Julho/2001 até Setembro/2001;
5) Serviço Secreto Filipino - 1 alerta - em Janeiro/1995;
6) DSGE - 1 alerta - em 1999;
7) National Intelligence Council - 1 alerta - em Setembro/1999;
8) US Border Patrol - 1 alerta - em Dezembro/1999;
9) Serviço Secreto Malaio - 1 alerta - em Janeiro/2000;
10) Tribunal de Justiça em New York - 1 alerta - em Maio/2001;
11) State Department - 1 alerta - em Junho/2001;
12) Serviço Secreto dos Emirados Árabes Unidos - 1 alerta - em Julho/2001;
13) National Security Council's Counterterrorism Security Group - 1 alerta - em Julho/2001;
14) National Security Agency (NSA) - 1 alerta - em 10 de Setembro/2001;
Dois alertas foram veiculados em fontes abertas de inteligência (OSINT) em Dezembro/1994 e Junho/2001, não especificada sua eventual análise por qualquer instituição, razão pela qual não foram atribuídos ao ranking acima.
A especialização é um fator que deve ser levado em conta quando se visualiza a FAA no topo do ranking. Afinal, o meio selecionado para a execução do absurdo era o sequestro e posterior lançamento de aviões comerciais como projéteis aos alvos então escolhidos. E sem dúvida não é possível imputar omissão de inteligência genérica a tal instituição na cadeia de eventos que culminaram no histórico atentado.
Eis portanto a justificativa para um sistema de inteligência contemplar várias agências com diversas expertises em relacionamento com um órgão central, nos termos teóricos do SISBIN nacional. Resta saber se a gestão estabelecida de tal sistema é projetada ao sucesso ou tendente ao fracasso, quiçá pela anciã mazela da politização da Atividade de Inteligência...
Sobreleva notar ainda que há vários alertas provenientes de agências estrangeiras de inteligência e alguns destes bem específicos quanto a ameaça potencial. No ranking acima aparecem 4 destes alertas: França, Filipinas, Malásia e Emirados Árabes Unidos.
Salvo melhor juízo, a principal conclusão da comissão especial que analisou o 11 de Setembro de 2001 foi no sentido da falta de integração entre as diversas agências de inteligência daquele país. Nada menos que 30 dos 36 alertas (incluidos 2 OSINT) da lista são de instituições hierarquicamente relacionadas ao governo norte-americano.
Por escopo a Atividade de Inteligência assessora o decisor com conhecimentos estratégicos de elevado valor agregado, mormente fundamentados em dados negados pelos adversários. Diante da brevíssima análise executada, afirmo que houve inteligência, que embora eventualmente descoordenada, decerto suficiente para evitar o desfecho trágico.
Será que a duríssima lição da falta de integração foi assimilada e as falhas foram mitigadas? E nós, brasileiros - dentro de nossos limites e mazelas - aprenderemos com os erros dos outros, ou vamos continuar apostando no bom senso do "Deus é brasileiro", renegando ao apanágio dos nobres a sorte dos miseráveis?
Eis portanto a justificativa para um sistema de inteligência contemplar várias agências com diversas expertises em relacionamento com um órgão central, nos termos teóricos do SISBIN nacional. Resta saber se a gestão estabelecida de tal sistema é projetada ao sucesso ou tendente ao fracasso, quiçá pela anciã mazela da politização da Atividade de Inteligência...
Sobreleva notar ainda que há vários alertas provenientes de agências estrangeiras de inteligência e alguns destes bem específicos quanto a ameaça potencial. No ranking acima aparecem 4 destes alertas: França, Filipinas, Malásia e Emirados Árabes Unidos.
Salvo melhor juízo, a principal conclusão da comissão especial que analisou o 11 de Setembro de 2001 foi no sentido da falta de integração entre as diversas agências de inteligência daquele país. Nada menos que 30 dos 36 alertas (incluidos 2 OSINT) da lista são de instituições hierarquicamente relacionadas ao governo norte-americano.
Por escopo a Atividade de Inteligência assessora o decisor com conhecimentos estratégicos de elevado valor agregado, mormente fundamentados em dados negados pelos adversários. Diante da brevíssima análise executada, afirmo que houve inteligência, que embora eventualmente descoordenada, decerto suficiente para evitar o desfecho trágico.
Será que a duríssima lição da falta de integração foi assimilada e as falhas foram mitigadas? E nós, brasileiros - dentro de nossos limites e mazelas - aprenderemos com os erros dos outros, ou vamos continuar apostando no bom senso do "Deus é brasileiro", renegando ao apanágio dos nobres a sorte dos miseráveis?
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